19 de jan. de 2010
D'repente
Essa noite tive um sonho, sonho do câncro, sonho medronho
Eu num sonhei como sonhava sempre, sonho do diabo num era de gente
Vi o tal do Amor desaparece do mundo, foi maldição do morimbundo
Ele choro inté jorrar sangue, correu da caatinga até o mangue
Fico de joelho p'ra são jorge rogou praga no mundo e pediu pra ser forte
Olho o ser humano como cabra do mal, e escondeu seu coração na lama do manguezal
Tiro junto com ele as lembraças de Leonor, seu nome lhe dava azia e na cabeça fazia dor
Aprumou-se o calango e a trouxe embora, pego o maldito do Amor e jogou fora
Fez a barba da cara com mandacaru e navalha
Banhou-se enquanto andava, do canal até a vala
Chegou na próxima cidade rude e rabugento, o sem vergonha ainda se engraçou com a filha do Sgtº
Pego sua peixeira e se exibiu mais que um jumento, quando a moça o viu encantou- se com mulambento
Menina nova ficava ouriçada, quando viu a bainha da faca rasgada
Ja logo penso em fugir com o meliante, se aprumasse pelos campos e viver com ele adiante
Bicha burra, apaixonou-se pelo jeito do mal moço
Ela inté banhava os pés do infeliz com a água do poço
Ele pegava o copo de cachaça, bebia e ria, gargalhava d'um jeito que inté doia
A boa moça lhe conto das intenções e o que queria
Ele levanto rindo igual bicho sem cabresto, falo que o tal amor era coisa de cabra fresco
Pego a sua faca, foi-se embora das suas vista, passou-se grande tempo e o cabra num voltou
Ela decidiu e foi caçar o ultimo lugar por onde o ele passou
Nesse tempo, só existia o mangue e o sertão
Ele correu p'ro mangue pra busca seu coração
Ele encontrou com o coisa ruim, que num deixo ele passar
Tento manda o bicho de volta pro inferno, pra menina pode amar
O diabo era arisco, e com a faca mais habilidoso, e zombava do peão que era lento igual um idoso
O mal'aventurado homem do mangue, caiu sobre a propria lamina e jorrou sangue
Mas que decepção morreu a três palmos d'onde tinha enterrado seu coração
A mulher veio correndo e triste viu a cena, o diabo sorrindo, sem um pingo de pena
Ela choro noites e dias sem parar, até sua vida acabar
E foi essa estória de como o sertão virou mar.
P.R
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